quinta-feira, 23 de setembro de 2010

A importância da utilização dos conhecimentos de Ecologia para a Educação Ambiental

Para uma transformação verdadeira da atual crise estrutural que a sociedade vive, a Educação Ambiental é elemento estratégico na formação de ampla consciência crítica das relações sociais e de produção que situam a inserção humana na natureza (Loureiro, 2000)[1]. Dentro deste contexto, o conhecimento ecológico é um dos pilares para a EA, seguido pelo político.

Há mais de dois séculos, o homem desenvolveu tecnologias para exploração de recursos naturais as quais permitiram um acelerado crescimento econômico e progresso das cidades. Primeiro pelo carvão, depois pelo petróleo, os combustíveis fosseis foram o principal motor desse desenvolvimento. A falta de conhecimento de ecologia, contudo, levou a sociedade a uma exploração insustentável, sendo um dos fatores que culminaram à atual crise ambiental global.

Por outro lado, outras sociedades, ditas “primitivas”, a partir da observação e do relacionamento ético com o meio natural, conseguiram criar formas de manejo dos recursos naturais, utilizando tecnologias de baixo impacto ambiental (DIEGUES, 1996)[2]. Apesar de se tratar de um conhecimento empírico, atualmente, este saber tem sido base de estudo de muitos pesquisadores em busca de soluções sustentáveis.

Entender a Terra como um sistema e organismo vivo, compreender os fenômenos naturais e os ciclos biogeoquímicos, e identificar as relações entre os seres vivos com o seu meio, são apenas alguns dos aspectos essenciais que precisam ser explorados quando da prática da Educação Ambiental.

Tendo como base uma EA Crítica, o saber ecológico é o primeiro passo em direção à construção de um pensamento analítico sobre a relação do homem com o meio. Somado a uma reflexão política, é possível que o indivíduo, ao ser confrontado com esse saber, apodere-se dele e se veja como um ator social que tem o poder de propor e modificar políticas públicas, e até mesmo, um novo modelo econômico – sem a visão utilitária da natureza.

Vale destacar, todavia, que o conhecimento ecológico não dever ser visto como um valor em si, mas como resultado do esforço humano de compreender seu entorno. Como indica Jansen & Ostrom (apud BOZELLI, 2010, p. 117 )[3]:

“o desafio principal para o estudo da governança de sistemas ecológicos é aumentar nosso entendimento das condições sob as quais soluções cooperativas são sustentadas, como atores sociais podem tomar decisões robustas diante da incerteza e como a topologia de interações entre atores sociais e biofísicos afetam a governança”.


[1] LOUREIRO, C.F.B. Movimento Ambientalista no Rio de Janeiro: análise crítica de suas tendências no contexto da globalização. Rio de Janeiro, ESS/UFRJ, 2000 (Tese de Doutorado).
[2] DIEGUES, A.C.S. O Mito Moderno da Natureza Intocada. São Paulo, Hucitec, 1996.
[3] Bozelli, R. L. (Org.) ; Santos, L. M. F. dos (Org.) ; Lopes, A. F. (Org.) ; LOUREIRO, C. F. B. (Org.) . Curso de formação de educadores ambientais: a experiência do projeto pólen. 1. ed. Macaé: NUPEM/UFRJ, 2010.
Foto: Caraguatatuba / Ericka Liz

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